terça-feira, 30 de outubro de 2012

Pintura em Miranorte: expressão poética das cores e imagens



Fotos e texto: Rhoselly Xavier



Pintura em Miranorte: expressão poética das cores e imagens

Pablo Picasso, um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, declarou algo que sugere a importância de que se valorize e incentive, em cada comunidade, o trabalho de quem usa o pincel para representar ideias, emoções e uma forma particular de ver o mundo:

“A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica.”


            Em Miranorte, pessoas comuns que vivem em ritmo acelerado, sempre ocupadas em cumprir com suas responsabilidades cotidianas, conseguem, apesar da correria do dia a dia, reservar um espaço para esbanjar talento e criatividade através da pintura. São pessoas assim, como Francisco Alves da Silva e Isabel Gonçalves do Nascimento Freitas, que, mesmo no anonimato e apesar da falta de maior incentivo local para se dedicarem mais ao aperfeiçoamento de sua arte e à produção de suas obras, driblam os pormenores e libertam a poesia, presa no branco das telas, usando apenas as cores de tinta, o pincel e muita sensibilidade.


Isabel Gonçalves do Nascimento Freitas

Casa de artista... Quadros pintados por Isabel Gonçalves dão vida e requinte a cada cômodo de sua casa transformando-a em um espaço singular, agradável e extremamente coerente com o perfil dessa mulher guerreira que cuida com dedicação e prazer do seu lar e de sua família ainda encontrando tempo para mergulhar no mundo das cores extravasando, dessa maneira, sua livre capacidade de produção criativa através das telas que pinta.
Tema predominante das telas de Isabel, assim como nas obras do renomado Douglas Frasquetti, a natureza-morta é um gênero das artes visuais em que seres inanimados (como frutas, vasos, flores, livros, jarras e qualquer objeto que você possa imaginar na mesa da casa de alguém) são representados com o propósito de mostrar as qualidades de suas formas, cores, composições e texturas. Essa tendência temática nas obras de Isabel pode ser também relacionada à sua casa que conta com um jardim maravilhoso e extremamente sugestivo com inúmeras, coloridas e as mais diversas flores, cenário, este, que serve de estímulo e inspiração durante o trabalho dessa artista com os pincéis e tintas óleo.




            É interessante saber que Isabel, antes de pintar em telas, já pintava em tecidos, confeccionava biscuits (como ainda o faz) e já produzia algumas peças de artesanato. Juntamente com um grupo de amigas, passou a desenvolver a pintura em telas quando se inscreveu num curso de pintura que ocorreu em Miranorte há alguns anos, ministrado por um policial, Ferreira, que morava em Miracema e se deslocava de lá para atender um novo público, disseminando, dessa forma, essa arte tão impressionante.
            Por determinado tempo Isabel também ministrou aulas de pintura, mas teve que desistir do trabalho por questões de saúde, passou a apresentar sintomas alérgicos à substância utilizada para lavar os pincéis, problema solucionado mais tarde, quando diagnosticado a causa da alergia.
Isabel até poderia ter voltado a ministrar suas aulas, mas, de acordo com ela, é muito difícil cultivar a arte do desenho e pintura em Miranorte, pois falta incentivo. “Já houve uma exposição na prefeitura, só uma vez que eu saiba, infelizmente as pessoas por aqui não valorizam muito esse tipo de arte e quando se interessam por uma tela, não concordam em pagar o preço que ela vale. É como se, para elas, o teu trabalho não tivesse valor e isso acaba desestimulando, também, quem gostaria de aprender ”.  Declara.
            Com peças tão bonitas produzidas em Miranorte, é lamentável que, por falta de um espaço próprio e de políticas de incentivo à produção artística e cultural, a grande maioria da nossa comunidade desconheça e não tenha acesso ao trabalho de artistas como Isabel Gonçalves que, motivados apenas pelo desejo de expressar sua arte continuam criando, ainda que o façam no anonimato.
  
Algumas obras de Isabel Gonçalves











Francisco Alves da Silva
 


            Diretor do Educandário Evangélico de Miranorte – EDEM e empreendedor autônomo que trabalha na organização de festas infantis, Francisco Alves, desde a infância, demonstrava paixão pela arte de desenhar e pintar. Há alguns anos, procurou a senhora Isabel Gonçalves tornando-se seu pupilo. Aprendeu com ela a técnica de pintura à tinta óleo e passou a usar seu talento na produção livre de suas obras, na produção dos painéis temáticos utilizados na sua microempresa e até mesmo na ornamentação de muitos eventos escolares como a que, pessoalmente, a que vos fala teve a oportunidade de constatar em determinada festa em comemoração ao dia das mães, ocorrida há mais de um ano. Tal festa ganhou ares mais poéticos e carregados de beleza e expressividade com as pinturas de Francisco, feitas em papelão e espalhadas por todo o salão do evento, pinturas de mães de diversas etnias: mãe negra, mãe branca, mãe índia, mãe japonesa, mãe indiana e outras. Um trabalho muito lindo e, sem dúvida, riquíssimo.
            Francisco é bastante eclético e se destaca em vários ramos da arte: toca violão, desenha técnica e artisticamente, pinta e, ainda, produz artesanato e esculturas de madeira, isopor e outros materiais.  Já atuou como professor de Arte no EDEM e, na pintura, tem como referência o trabalho de Tarsila do Amaral (uma das principais pintoras da arte brasileira moderna), Michelangelo (um dos maiores criadores da história da arte do ocidente), Pablo Picasso (reconhecidamente um dos mestres da arte do século XX) e Leonardo da Vinci (artista renascentista italiano), entre outros.
             



Na pintura, destacamos entre suas obras:



A Moça da Cítara 

 



Alegoria ao Amor Materno 

 


Cheiro, Gosto e Cor

 











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