Fotos e texto: Rhoselly Xavier
Pintura
em Miranorte: expressão poética das cores e imagens
Pablo Picasso, um dos
artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, declarou algo que sugere a
importância de que se valorize e incentive, em cada comunidade, o trabalho de
quem usa o pincel para representar ideias, emoções e uma forma particular de
ver o mundo:
“A pintura nunca é prosa. É poesia que se escreve com versos de rima plástica.”
Em Miranorte, pessoas comuns que
vivem em ritmo acelerado, sempre ocupadas em cumprir com suas responsabilidades
cotidianas, conseguem, apesar da correria do dia a dia, reservar um espaço para
esbanjar talento e criatividade através da pintura. São pessoas assim, como Francisco
Alves da Silva e Isabel Gonçalves do Nascimento Freitas, que, mesmo no
anonimato e apesar da falta de maior incentivo local para se dedicarem mais ao
aperfeiçoamento de sua arte e à produção de suas obras, driblam os pormenores e
libertam a poesia, presa no branco das telas, usando apenas as cores de tinta,
o pincel e muita sensibilidade.
Isabel Gonçalves do Nascimento Freitas
Tema predominante das telas de Isabel, assim como
nas obras do renomado Douglas
Frasquetti, a natureza-morta é um gênero das artes visuais em que seres
inanimados (como frutas, vasos, flores, livros, jarras e qualquer objeto que
você possa imaginar na mesa da casa de alguém) são representados com o
propósito de mostrar as qualidades de suas formas, cores, composições e texturas.
Essa tendência temática nas obras de Isabel pode ser também relacionada à sua
casa que conta com um jardim maravilhoso e extremamente sugestivo com inúmeras,
coloridas e as mais diversas flores, cenário, este, que serve de estímulo e
inspiração durante o trabalho dessa artista com os pincéis e tintas óleo.
É interessante saber que Isabel,
antes de pintar em telas, já pintava em tecidos, confeccionava biscuits (como
ainda o faz) e já produzia algumas peças de artesanato. Juntamente com um grupo
de amigas, passou a desenvolver a pintura em telas quando se inscreveu num
curso de pintura que ocorreu em Miranorte há alguns anos, ministrado por um
policial, Ferreira, que morava em Miracema e se deslocava de lá para atender um
novo público, disseminando, dessa forma, essa arte tão impressionante.
Por determinado tempo Isabel também
ministrou aulas de pintura, mas teve que desistir do trabalho por questões de saúde,
passou a apresentar sintomas alérgicos à substância utilizada para lavar os
pincéis, problema solucionado mais tarde, quando diagnosticado a causa da
alergia.
Isabel até poderia ter voltado a ministrar suas
aulas, mas, de acordo com ela, é muito difícil cultivar a arte do desenho e
pintura em Miranorte, pois falta incentivo. “Já houve uma exposição na
prefeitura, só uma vez que eu saiba, infelizmente as pessoas por aqui não
valorizam muito esse tipo de arte e quando se interessam por uma tela, não
concordam em pagar o preço que ela vale. É como se, para elas, o teu trabalho
não tivesse valor e isso acaba desestimulando, também, quem gostaria de
aprender ”. Declara.
Com peças tão bonitas produzidas em
Miranorte, é lamentável que, por falta de um espaço próprio e de políticas de
incentivo à produção artística e cultural, a grande maioria da nossa comunidade
desconheça e não tenha acesso ao trabalho de artistas como Isabel Gonçalves
que, motivados apenas pelo desejo de expressar sua arte continuam criando,
ainda que o façam no anonimato.
Algumas obras de Isabel Gonçalves
Francisco Alves da Silva
Diretor do Educandário Evangélico de
Miranorte – EDEM e empreendedor autônomo que trabalha na organização de festas
infantis, Francisco Alves, desde a infância, demonstrava paixão pela arte de
desenhar e pintar. Há alguns anos, procurou a senhora Isabel Gonçalves
tornando-se seu pupilo. Aprendeu com ela a técnica de pintura à tinta óleo e
passou a usar seu talento na produção livre de suas obras, na produção dos
painéis temáticos utilizados na sua microempresa e até mesmo na ornamentação de
muitos eventos escolares como a que, pessoalmente, a que vos fala teve a
oportunidade de constatar em determinada festa em comemoração ao dia das mães,
ocorrida há mais de um ano. Tal festa ganhou ares mais poéticos e carregados de
beleza e expressividade com as pinturas de Francisco, feitas em papelão e espalhadas
por todo o salão do evento, pinturas de mães de diversas etnias: mãe negra, mãe
branca, mãe índia, mãe japonesa, mãe indiana e outras. Um trabalho muito lindo
e, sem dúvida, riquíssimo.
Francisco é bastante eclético e se
destaca em vários ramos da arte: toca violão, desenha técnica e artisticamente,
pinta e, ainda, produz artesanato e esculturas de madeira, isopor e outros
materiais. Já atuou como professor de
Arte no EDEM e, na pintura, tem como referência o trabalho de Tarsila do Amaral (uma das principais
pintoras da arte brasileira moderna), Michelangelo (um dos maiores criadores da
história da arte do ocidente), Pablo Picasso (reconhecidamente um dos mestres
da arte do século XX) e Leonardo da Vinci (artista renascentista italiano), entre
outros.
Na pintura, destacamos entre suas
obras:
A
Moça da Cítara
Alegoria
ao Amor Materno
Cheiro,
Gosto e Cor